"Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também, na revelação de Sua glória, vos alegreis exultando. Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus. Não sofra, porém nenhum de vós como assassino, ou ladrão, ou malfeitor, ou como quem se intromete em negócios de outrem; mas, se sofrer como cristão, não se envergonhe disso; antes, glorifique a Deus com esse nome. Porque a ocasião de começar o juízo pela casa de Deus é chegada; ora, se primeiro vem por nós, qual será o fim daqueles que não obedecem ao evangelho de Deus? E, se é com dificuldade que o justo é salvo, onde vai comparecer o ímpio, sim, o pecador? Por isso, também os que sofrem segundo a vontade de Deus encomendem a sua alma ao fiel Criador, na prática do bem."
(1 Pedro 4.12-19)
Por que sofremos? Quem já não fez essa pergunta? Como o sofredor Jó estamos sempre nos perguntando "por que"? E ainda, "por que eu"?A Palavra de Deus no texto em epígrafe nos ensina quatro verdades sobre o sofrimento humano:
1)O SOFRIMENTO NÃO É UMA EXPERIÊNCIA HUMANA EXTRAORDINÁRIA , MAS ORDINÁRIA.
"Não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós... como se alguma coisa extraordinária vos tivesse acontecendo". Deus criou o mundo e a vida humana perfeitos sem previsão de sofrimentos (Isaías 45.18). A queda do homem (Gênesis 3) trouxe consigo o sofrimento não como um acidente mas como uma experiência quotidiana. As aflições são uma realidade no tempo presente (Romanos 8.18).
2)HÁ VARIAÇÕES DE SOFRIMENTO QUE REVELAM A SUA ORIGEM.
A palavra grega* para o verbo sofrer (vs.19) é PASCO, da qual surge o substantivo PÁSCOA (Gr. paska). A Bíblia ensina que o sofrimento "pascal" é aquele que significa sofrer "pelo nome de Cristo" (vs.14), ou "como cristão" (vs.16). Há entretanto o sofrimento, digamos assim, "natural" que decorre de más escolhas e atitudes: matar, roubar, fazer o mal ou se intrometer em negócio alheio (vs.15). O injusto sofrimento pascal é essencialmente distinto do conseqüente sofrimento natural.
3)DEUS ABSTRAI PROPÓSITOS CONSTRUTIVOS DO SOFRIMENTO HUMANO.
A expressão "sofrem segundo a vontade de Deus" (vs.19) pode ser melhor entendido como "sofrem tendo em vista o propósito abstraído por Deus do sofrimento". Como na história de José do Egito (Gênesis 50.20), Deus pode usar o sofrimento para os Seus propósitos construtivos para a nossa vida e caráter. É a divina alquimia em ação! Aqueles que aprendem a glorificar a Deus por seus propósitos em meio ao sofrimento (vs.16) experimentarão a transformação da singela alegria em grande exultação (vs.13).
4) O SOFRIMENTO DEVE SER ENFRENTADO COM UMA TOTAL ENTREGA DA VIDA A DEUS.
Aquele que aprende que Deus pode usar o sofrimento para o seu crescimento deve "encomendar a alma ao fiel Criador, na prática do bem" (vs.19). A entrega completa da vida nas mãos do fiel Criador nos capacita a usufruirmos em plenitude da terapêutica divina para o sofrimento.O melhor então não é perguntarmos por que sofremos, e nem mesmo para que sofremos, mas como sofremos as aflições naturais da nossa humana vida.
*o Novo Testamento foi escrito originalmente na língua grega.
Pr. Josué Mello Salgado
Pr. Josué Mello Salgado
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